quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sonho que não sei

Na madrugada passada eu tive um sonho muito estranho, muito doido, mas apesar dos absurdos, muito bom. Tinha tudo para ser um pesadelo, mas...

Sabe aquele tipo de sonho em que você sente tudo como se fosse real? De quem em certos momentos você sabe que aquilo não poderia estar acontecendo mas se você está sentindo tudo "na pele", então aquilo não pode ser um sonho? Só faltou eu me beliscar no meio dele.

Acordei no meio da madrugada com as memórias se confundindo com a realidade. Sensação latente de que aquilo tinha acontecido de verdade.
Pouquíssimas vezes tive essa impressão na vida. E olha que eu até que sonho bastante.
Desta vez eu não me senti acordando de um sonho, eu acordei como se tivesse chegado de algum lugar.Eu vivi aquilo. Isso era fato.  O negócio chegava a ser físico.  Os sentidos estavam ainda muito aguçados e a memória do tato, do olfato estava muito presentes. Eu tive a certeza que que tinha vivido aquilo, só não sabia como tinha sido possível. Cheguei a tentar me lembrar se tinha tomado algum medicamento ou bebida antes de dormir . Eu queria poder passar por essa experiência novamente. Se viver um sonho era possível daquela forma, se aquela sensação era assim tão real, eu queria repeti-la...
(mas eu não tomei nada e não sou usuária de nenhum tipo de alucinógeno)

Sonhei que a Terra teve a sua rotação repentinamente acelerada e por uns breves instantes, como alguém que pisa num acelerador... mas de repente acaba deixando o carro morrer com um tranco porque o pé escapa do pedal... A  Terra acabou perdendo um pouco do seu eixo,  e como  se fosse neve,  caíram do céu minúsculas partículas parecidas com sal refinado de cozinha.
Instalou-se um verdadeiro caos. Montes do tal “sal” se espalharam por ruas, cidades e campos, invadindo até mesmo as casas. Por cima dos móveis e chão aquele pó fino deixava tudo sujo. Num esforço em comum,começamos a limpar a casa. Nossas rotinas foram  interrompidas abruptamente. Não se podia ir a lugar algum pelo bloqueio das ruas, parte da eletricidade caiu, telefones ficaram sem funcionar direito...(coisa de filme de catástrofes americano!) Tratores nas ruas tentando abrir passagens para os carros e pessoas.
Parte dos meus primos e tios foram ficar com a gente na minha casa. Moravam todos por ali e chegaram aos poucos, porque ali, juntos, estaríamos mais seguros.
(minha casa??? mas que casa era aquela que eu nunca vi na vida???que lugar era aquele em que morávamos?? que história é essa do mundo acelerar???)
De repente já sabíamos que não teríamos comida por muito tempo porque as lojas estariam fechadas com problemas de abastecimento e as colheitas estariam comprometidas.
(até em sonho a gente precisa se preocupar com a comida???)
Começamos a juntar mantimentos e a estocá-los num canto de uma dispensa.
Estranhamente uma enorme TV funcionava numa sala, mas só transmitia o sinal de uma emissora. (que raio de emissora era essa que conseguia se manter no ar apesar de tudo aquilo????Pelo menos eu não estava trabalhando lá!)  
Um tio e alguns primos assistiam assustados e repetiam estupefatos cada nova notícia . Era chocante. O mundo todo alterado depois desse “tranco do planeta!” Tudo culpa do aquecimento global. Culpa nossa.Quem mandou? Agora os mares deviam estar reduzidos e a água também poderia faltar em breve.  Só diziam coisas assim. E imagens e mais imagens do tal "pó tipo sal fino branco" sobre as capitais do mundo apareciam na TV.
Ninguém parecia aterrorizado.
Numa cozinha pequena, fazíamos um grande omelete com parte dos ovos da geladeira. (omelete???? )
Num determinado momento me lembrei de ver se a minha cadela estava bem, se não estava ferida ou algo do gênero. Ela estava fisicamente bem, mas muito assustada. Fiquei feliz em tê-la ali.
Quando olho para o outro lado do quintal, vejo parte da rua e, para minha estranha surpresa mas IMENSA alegria, eu vejo um  carro antigo do meu pai chegando na rua já com passagem aberta por uma escavadeira alaranjada. (sim, imensa alegria e emoção, porque eu me lembro até da sensação de desabar de joelhos no quintal nesse momento)
Dentro do carro, meu pai e minha mãe!
Desabei num choro feliz e minhas pernas se dobraram sobre a grama suja do jardim. Meus pais estavam bem, estavam a salvo e estavam ali. Estavamos todos reunidos em família!!!
No sonho minha mãe ainda estava viva e meu pai ainda andava e conduzia. (que coisa boa!),
Aos descerem do carro, disseram que assim que souberam do “acidente com o planeta”, pegaram a estrada para irem ficar com a gente (meu marido e eu, no caso)
Eu só me lembro de estender os braços para o céu e gritar feliz de que tinha tudo o que queria por perto,  que nada seria difícil se estávamos todos juntos.
Corri para abraçar a minha mãe, o meu pai, feliz, feliz, feliz! Eles agiam como se nunca tivessem ficado doentes, como se minha mãe nunca tivesse falecido.
Entramos juntos pra casa enquanto  comentavam a situação,  o caos, seus medos.
Já dentro da casa com meus pais, marido, primos e tios, eu tentava organizar lugares numa mesa  e a forma de todos almoçarem. Todos agiam como se minha mãe ainda fosse viva e como se meu pai nunca tivesse ficado doente. Ninguém estranhou a presença deles ali. Apenas elogiavam a presença de espírito de terem saído logo para irem ficar com a gente e terem escolhido a melhor estrada. A impressão que eu tinha era a de que ninguém mais sabia da verdade, de que aquilo seria impossível estar acontecendo... Tentei  disfarçar porque preferia que fosse assim, mas meu olhar se cruzou com o do meu marido e percebi que ele também sabia da verdade. Ele me cochichou no ouvido de que sabia o quanto eu estava feliz apesar de tudo.
Acordei nessa hora.

Levantei atordoada da cama, fui ao banheiro e fiquei ali impressionada, realmente impressionada. Nunca tive um sonho tão real que tenha parecido tão longo. Aliás, aquilo podia ser chamado de sonho? Eu ainda sentia o perfume das pessoas, a força dos abraços, a textura dos pequeninos grãos que caíram do céu e se espalhava por toda parte...   Lembrava do vento que fazia no quintal ao olhar para o céu estranho, do sabor do omelete que minha prima me deu para provar. Foi muito real! Não tivesse estado com a minha mãe sorridente, de cabelinhos curtos e vestido estampado  e meu pai animado guiando um velho carro e  subindo escadas para lá e para cá, eu teria tudo para ter chamado isso de pesadelo, afinal, tudo isto começou com um “tranco no planeta”.

Será que alguém poderia me explicar o que foi tudo isso??
Será que alguém pode me dizer como faço para repetir a dose e estar novamente com a minha mãe?

3 comentários:

  1. A luz do mundo, o sal da terra.
    (Mateus)

    nei

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  2. Não sei interpretar os sonhos... mas eles têm sempre explicação.

    Regressado de férias , não podia deixar de vir aqui deixar um abraço...

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  3. Costumo aproveitar meus sonhos para aprender e até, se for o caso, para algum trabalho de arte.
    Fico entre Freud e Jung, aquele vindo com umas teorias mais no campo dos desejos e este mais do self. Segundo Freud, as personagens que se nos apresentam nos sonhos são sempre nós mesmos. Neste sentido, neste sonho a Terra era vc mesma. Substitua a palavra terra por "eu' e fica assim:

    Sonhei que eu tive a rotação repentinamente acelerada e por uns breves instantes, como alguém que pisa num acelerador... mas de repente acaba deixando o carro morrer com um tranco porque o pé escapa do pedal... Acabeiperdendo um pouco o meu próprio eixo, e como se eu fosse neve, caíram de mim mesma partículas parecidas com sal refinado de cozinha.

    (Reflita sobre tudo isso, atente para seus medos atuais, sua correria, talvez estejas precisando dar uma freada. Quer dizer, precisando ou desejando diminuir um pouco a marcha. A Terra era você. Você é criativa, libere suas energias, olha eu aqui dando uma de guru)

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