sábado, 15 de janeiro de 2011

O Poder de Uma Bala



O trânsito parou mais uma vez. Aquele anda e para estava ficando chato, muito chato!
Ela resolveu trocar a rádio que falava de alternativas no trânsito pelo CD de músicas que tinha no carro. Pelo andar da carruagem, ela ainda demoraria muito no trajeto. Era bom tentar não se aborrecer.


Esticou o braço para o banco ao lado e encontrou na bolsa uma embalagem aberta de Halls preto. Balas de eucalipto extra forte! Extra, extra, extra forte! Colocou logo uma bala na boca e sorriu. A língua logo agradeceu e pediu um golinho de água na boca. (Ela sempre andava com garrafinhas de água no carro!)
Maliciosamente lembrou-se da intenção que tinha quando comprava aquele tipo de balas. E riu novamente!
O CD voltou a tocar na faixa:


Gene Loves Jezebel - Desire

Lembrava-se tão bem!
Lembrou-se do ar maroto que tinha no olhar quando se beijaram e ele sentiu o gosto da famosa bala agora na sua boca. Não precisaram dizer nada, não queriam dizer nada, apenas beijar, agarrar e ali possível mais fosse...
Ela o apertou com vontade, enlaçou-o com as pernas, segurou-o com as coxas. E ficaram assim, felizes, entregues e sedentos naquele balcão de bar. Ele em pé na sua frente, ela sentada ao banco e os copos sendo servidos ao lado deles. Não importava nada se o bar estava cheio, se havia umas duzentas pessoas em volta.
A música alta, as luzes ofuscantes, o burburinho frenético dos clientes em volta... nada importava. O gostoso ali era o sabor da bala, a troca dos beijos, o pulsar dos corpos. Ela não sabia se toda aquela sua entrega era fruto do álcool ingerido ou de tamanho desejo. Também não importava. Ela não queria pensar. Queria aproveitar cada segundinho que pudesse ter com ele. E assim fazia, feliz, com seu Halls preto na boca. Louca de vontade de levar, com ele, seu Halls para longe dali!


Estava ligeiramente entorpecida pelas lembranças e pelo frescor da bala quando a buzina do carro atrás a trouxe de volta para o congestionamento. Finalmente os carros começavam a andar!
Sentiu uma enorme vontade de fazer o primeiro retorno que encontrasse para poder voltar para os braços dele e terminar o que foi interrompido.
E fez! 

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