domingo, 19 de dezembro de 2010

Compras de Natal no Shopping




Nestes dias que antecedem as festas, se eu pudesse, eu jamais pisaria num shopping, num supermercado.
Chego a ficar irritada com a falta de consideração e respeito das pessoas umas com as outras! Justamente na época onde se espera que os corações se enterneçam é que mais se vê gente xingando gente, gente furando filas, gente brigando por vagas em estacionamentos, vendedores que respondem impacientemente e atendem mal, enfim... todo tipo de mazelas.
Quando você sai de carro nesta época, numa cidade como São Paulo, já precisa se preparar para o trânsito que, com certeza, irá piorar. E olha que a cidade de São Paulo já tem um dos piores trânsitos do mundo! Como é possível?
Com tantas festinhas de confraternização nas empresas, entre amigos e tal, com tantas compras a serem feitas para a ceia, para os presentes, para as férias na praia, é natural que o número de pessoas a tiram o carro de suas garagens aumente... E bastante.
Não bastasse o calor que faz nesta época, isso quando não temos as famosas pancadas de chuva, tudo vai contribuir para incomodar as pessoas que se aventuram dentro carros, ônibus, trens e metrô. As pessoas já chegam alteradas aos seus destinos!
Se você olhar com mais atenção, vai notar motoristas estressados, crianças de férias que resmungam nos bancos traseiros, mães aflitas tentando acalmar a todos.
Vai notar motoristas de ônibus exaustos, impacientes, loucos para responder a uma provocação.
Nesta época, se você aguçar os ouvidos, não vai demorar a ouvir que o número de xingamentos aumenta nas ruas e avenidas.
Será preciso ter muita paciência para voltar para casa tranquilamente, com a missão cumprida e em paz.
Sexta-feira passada me atrevi a ir a um shopping com amigas, depois do trabalho, para comprar brinquedos para as crianças que passarão o Natal comigo. Que teste de paciência!
Fazia tempo que eu não passava por isso.
Normalmente eu adianto esse tipo de compra para, no máximo, metade do mês de Novembro. Saio tranquilamente numa manhã, bem cedinho, com a minha listinha na bolsa e pronto. Fujo de aglomerações e até encaro grandes lojas da 25 de Março se quiser economizar. Sei como fazer.
Sim, porque se você não deixar para comprar em Dezembro e tiver disposição para sair cedo de casa, tudo irá fluir de outra forma.
Deixo o meu carro no estacionamento do Mercadão, compro todos os brinquedos em no máximo duas lojas diferentes e próximas, e volto satisfeita. Ainda consigo tempo para comprar especiarias, bacalhau e frutas secas no Mercadão. Aqueles presentes que precisam ser comprados mesmo em shopping eu faço em outro dia desse mesmo Novembro, cedo também, assim que algum deles abrir.
Para ganhar tempo e não bater perna em vão, antes de sair de casa eu faço as tais listas com idéias e alternativas para as compras. Senão, sei que vou perder muito mais tempo me distraindo na frente de vitrines meticulosamente decoradas para nos prender a atenção e seduzir.
Neste ano, com os cuidados com o meu pai e os afazeres aumentados, não tive tempo de me programar, de adiantar as minhas comprinhas. Tive que encarar o shopping quase na última hora. Mesmo faltando mais de uma semana para o Natal, encontrei estacionamentos lotados ,lojas relativamente cheias, vendedores experientes cansados de tanto atender e ensinar aos temporários, vendedores temporários ansiosos em vender qualquer coisa mesmo que não seja nada daquilo que você procura.
Uma sucessão de filas e esperas... Um verdadeiro teste de resistência física e psicológica.
Fila de trânsito para chegar ao Shopping. Muito perto do nosso trabalho, temos dois shoppings: um em frente ao outro. Escolhemos ir ao menor deles que,  em épocas normais, é  o “mais vazio”. Me arrependi, mas queria a companhia das minhas amigas, então estava valendo.
O trânsito para chegar ali um caos. Trânsito de sexta-feira após o trabalho, em Dezembro e perto de dois shoppings? O que eu poderia querer? Milagre?
Fila para entrar no shopping, fila para conseguir uma vaga. Sim, porque sempre tem uns espertinhos que sacaneiam e roubam as vagas vindo pelo lado proibido, sendo mal educados mesmo.


Na loja de Brinquedos
E lá fui eu escolher os brinquedos, sem uma  das listas nas mãos. Eu estava mesmo me arriscando!
Optei por comprar brinquedos que costumam ter preços tabelados e que você não consegue grande economia mesmo que se dirija para a 25 de Março para comprá-los.
Se eu estava no shopping, que pelo menos saísse dali feliz por não ter a sensação de ter gastado muito mais.
Preciso admitir que poder esperar em ambientes com ar condicionado, pelo menos, já seja um alento.
Um tanto indecisa, fui escolhendo as peças e separando as caixas com a ajuda de um vendedor bonzinho. Dezenove itens separados, uma de minhas amigas se espantou:
_ Quantas crianças têm na sua família?
Respondi que não eram tantas assim mas, já que estava ali, ia adiantar a compra de alguns presentes de aniversário e levar para economizar uma ida ao shopping!
Por mais que eu tivesse pressa e tentasse manter o foco, enquanto esperava a minha vez no terminal de registros de compra, reparei num garotinho de uns sete anos de idade que se divertia em correr pelos corredores com uma arma de brinquedo na mão e ia derrubando caixas e caixas que acertava com os cotovelos. Ele ria alto, satisfeito. O pai ria também do comportamento do filho. Que maravilha!
Senti pena da vendedora que seguia atrás deles arrumando tudo e pegando as caixas derrubadas do chão. E o moleque ia derrubando e se divertindo. Parecia ter consciência da bagunça que fazia. O papai apenas ria, mas não se abaixava para pegar nada nem pedia ao filho que sossegasse o facho. Admirei a paciência daquela mulher, vendedora de olhar cansado. Pensei nos brinquedos que poderiam ter quebrado com as quedas e nos trouxas desavisados que comprariam essas caixas depois.
Peças de minha compra registradas no terminal, agora era só pegar a filinha para pagar e depois aguardar pacientemente pelos embrulhos. O homem que estava na minha frente recuou de repente e pisou no meu pé. Tudo bem, sou baixinha, ele não viu. Mas custava ter pedido desculpas? Na hora em que sacou o cartão, lembrou que tinha esquecido de pedir para parcelar. Mais um tempinho para eu esperar. Tic-tac-tic-tac... As crianças merecem. Paguei finalmente e fui para a fila do balcão ao lado. Pacotes e mais pacotes na minha frente. Quem não quer embrulhar, não é mesmo? 
Só que pra mim já tinha dado! Quando chegou a minha vez, pedi para a empacotadora que me desse os sacos de presente da loja, as fitinhas e etiquetas que eu faria os embrulhos em casa. Ela sorriu surpresa, concordou prontamente e quase me agradeceu por isso. Eu não ia ficar ali esperando 19 itens serem embrulhados! 


Na loja de Artigos de Couro
Minha amiga agora tentaria trocar uma bolsa que ganhou de presente, em vão. A vendedora disse que a bolsa havia sido comprada na mesma rede de lojas mas em outra cidade e, por esse motivo, precisariam consultar o código equivalente no sistema e o sistema só funcionava até as cinco da tarde.
Ou seja: não podemos ajudar agora, querida, venha depois. A sua bolsa é linda, por que você não fica com ela, por que quer trocar? Ferragens douradas são a última moda. E olha, você tem trintas dias para trocar e pode trocar em qualquer outra loja do grupo. Não precisa ser nesta, viu?
Quase me intrometi, mas resolvi relevar e manter a calma. Saímos insatisfeitas, mas conformadas. Talvez fosse legal ficar mesmo com aquela bolsa, disse minha amiga.




Na loja de Presentes
Fomos procurar um presente para a sogra dela. Achamos umas lindas bonequinhas de madeira, japonesas. Pintadas em cores diferentes, cada bonequinha trazia um tipo de sorte para quem a ganhasse, mas o que mais chamava a atenção nelas era o colorido. Achamos que a vermelhinha era a mais lindinha. Minha amiga percebeu que a que estava em sua mão, vermelha, tinha um dos bracinhos mole, girando com que solto. Procuramos sozinhas por outra boneca vermelha na prateleira. As vendedoras estavam ocupadas demais para vir procurar pra gente. Não encontramos. Minha amiga resolveu pedir para uma vendedora por outra boneca vermelha. E a vendedora saiu respondendo que todas as bonecas tinham os braços soltos.
Minha amiga paciente mostrou que aquele bracinho girava demais, parecendo quebrado. A vendedora disse que não tinha nenhuma outra boneca vermelha na loja. Achei que ela nem disfarçou tentando procurar outra.
Intrometi-me dizendo que para mim, também parecia quebrado e que seria chato presentear alguém com uma peça que parecia danificada. A tal vendedora, sem noção, respondeu que se a minha amiga quisesse, ela colocava cola no braço, porque cola ela tinha na loja!
Olhamos uma para a outra incrédulas. Que vendedora era aquela?
Não fosse a bonequinha tão lindinha e difícil de encontrar em outro lugar, teríamos saído dali sem nos despedir da fulana. E mais fila. Agora era da minha amiga. Ela pegou a fila para pagar e embrulhar o seu presente.
Enquanto isso, fui comprar um perfume para o meu pai.


Na Loja de Perfumes
Loja cheia de gente, cheia de vendedoras, cheia de perfumes espargidos no ar. Um convite à rinite, com certeza, mas meu pai merecia o esforço.
Entrei decidida. Quero tal perfume e pronto.
A mocinha me olhou incrédula e disparou:
_ A versão tradicional ou a nova, com mais notas amadeiradas?
Respondi segura, mas sorrindo:
_ A tradicional. Estou repondo um perfume, não procurando um novo. Meu pai gosta desse. É simples, ainda bem!
Aí ela começou a me perguntar se eu não queria levar o Kit da fragância, a loção após barba, o sabonete da linha.... E eu, sorrindo, só dizia que não com a cabeça e agradecia.
Eu queria sair logo dali. Estava com o nariz vermelho de tanto espirrar naquela tarde. Aquele ambiente infestado de perfumes e mais perfumes estava acabando comigo. Fiz um leve comentário sobre alergia a cheiros fortes, mas ela não sossegou. Enquanto eu esperava que ela fechasse a conta simplesmente e embalasse o presente, ela me bombardeou com ofertas e perguntas.
_ Não quer levar este novo perfume pra você?
Quando me virei pra ela, ela já borrifava perfume num papelinho e na minha direção. Era o novo e frutado não sei o quê, com notas de sei que lá mais, etc etc etc... E me entregou o papelzinho molhado... Não consegui responder, apenas espirrar! Nem o aproximei de minhas narinas. Espirrei novamente, agradeci (por que ainda assim agradeci??) e devolvi o papelzinho perfumado.
Em um tom quase suplicante, pedi que fechasse a minha conta e me chamasse apenas para pagar e pegar o embrulho na porta da loja quando tudo estivesse pronto.Eu ia esperar no corredor, do lado de fora da loja. Assim foi.


No Corredor do Shopping
Voltei a me encontrar com a minha amiga. Agora espirrando ainda mais. Eu estava ficando gripada e, além de tudo, com uma crise alérgica a mais.
Ela riu do meu nariz de rabanete e ficou com pena do meu estado.


Na loja de Tênis
Tentei, em vão, comprar um par de tênis para a minha afilhada.
Entrei numa loja só de tênis e pedi por uma marca X, modelo Y, tamanho Z. Decidida, do jeito que eu gosto de ser. Falei que era para uma garota de 12 anos, e que eu queria algum colorido, divertido.
A moça me volta, uns dez minutos depois, com várias caixas de tênis. Só que branco, pretos, azul marinho, bege!
Trouxe duas numerações, então o volume de caixas ficou ainda maior.
Fiquei frustrada. Eu queria algo mais divertido, mais colorido, mais “fashion”... afinal, era para uma garota de 12 anos que gostava daqueles tênis, tão populares entre adolescentes e jovens.
A vendedora acabou confessando que aquela linha eles não tinham. Nem trabalhavam. Ela conhecia a variedade do fabricante, mas eles não tinham.
Fiquei com dó dela, da tentativa de me vender um “básico”, mas fiquei com mais dó de mim: Eu ia precisar ir a outro shopping comprar esses tênis!


Na Praça de Alimentação
Estavámos cansadas e com fome. Decidimos encerrar as compras naquele dia e adiar o que faltava para a segunda-feira. Enquanto pessoas resmungavam nas filas à espera dos pratos, resolvemos nem encarar a praça de alimentação daquele lugar. Queríamos sair do shopping e ir para o sossego do um dos nossos queridos restaurantes japonesinhos. E fomos, felizes!


Só que, antes disso, mais uma fila. Agora estimulada pelo apoio de minha amiga, eu apresentava minhas notas fiscais para trocar por dois cupons de um sorteio de carro.
Depois de penar tanto, quem sabe não me sai a sorte, não é, não?


Feliz compras para vocês!
E  pra mim, porque segunda-feira pra mim tem mais!

2 comentários:

  1. Sensacional Ritinha, sensacional. Eu fico imaginando a sua cara e imaginando eu e você numa aventura dessas. Íamos parar na delegacia!!!! rsrs
    Beijos.

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  2. É por isso que no jp inventaram o "envelopinho": você dá em cash e tudo bem, é cultural.
    eu adoro o cultural, odeio o mall.

    bes

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